Os 30 anos de lançamento de "Akira" nos cinemas
Por Felipe Leonel
Nascido de uma ideia extravagante pelas mãos do diretor e
mangaká Katsuhiro Otomo (Steamboy, Memories), Akira, lançado entre 1982 e 1990
em mangá e 1988 como longa-metragem, ganhou proporções massivas na cultura pop
mundial. Sob a perspectiva de narrar uma história cheia de problemáticas
sociais com aspectos do sobrenatual, Akira abriu espaço para novas produções do
gênero e alavancou a produção de animações japonesas no ocidente - os animes -
tanto em séries para a televisão quanto para os cinemas.
Lançado em meio a publicação do mangá, interrompida para a
produção do longa, Akira estreou em 1988 no Japão. A história se passa em
Neo-Tóquio trinta anos depois, em 2019, do incidente que devastou a Tóquio
original, chamado de III Guerra Mundial, em um futuro distópico onde gangues de
motoqueiros se enfrentam pelas ruas. Kaneda e Tetsuo são dois amigos
integrantes dessas gangues que disputam rachas com uma gangue rival, os
"Palhaços", até que um dia Tetsuo encontra Takashi, uma estranha
criança com poderes foragida do hospital onde era mantido como cobaia. Tetsuo é
ferido no encontro e antes de receber a ajuda dos amigos é levado pelo
exército, liderado pelo Coronel Shikishima. A partir dai Tetsuo passa a
desenvolver poderes sobrenaturias inimagináveis, o que faz com que seja
comparado ao lendário Akira, responsável pela explosão de 1988, causadora do
grande impacto em Tóquio. Paralelamente, Kaneda se interessa por Kei, uma
garota envolvida com espiões que tenta decifrar o enigma por trás das cobaias
controladas pelo exército.
"Akira" não é uma simples adaptação de um mangá,
existem diferenças consideráveis entre as duas obras, principalmente na figura
do próprio personagem Akira, que no longa se torna algo quase intangível ao
contrario de sua contra-parte ilustrada, que participa de dois terços da trama
como uma persona física e presente. Ainda sim as semelhanças entre anime e
mangá que vão até quase o encerramento do longa. Assim que Tetsuo decide
libertar Akira, as duas mídias se distanciam drasticamente. Enquanto o filme se
encerra, criando uma nova perspectiva na trama se utilizando de alegorias
filosóficas - Ainda que não seja explicita, a mudança de atitude de Tetsuo
durante o desenvolvimento de seus poderes e a reação de cada personagem ao seu
redor tocam em temas como a natureza corruptora do poder, amizade e
determinismo - o mangá avança descomunalmente e segue muito mais forte na
questão de uso de drogas e violência.
A estética é umas das mais interessantes, misturando
Cyberpunk com uma pitada de TechNoir e uma animação de alto nível - até mesmo
pros padrões atuais - e uma trilha sonora perturbada e psicodélica tudo dentro
de uma trama frenética quase ininterrupta, marcada pela violência, uso de
drogas e a representação de uma juventude disfuncional sem planos, ou expectativa
de futuro.
Consistente e bem realizada, 'Akira' é uma obra que
apresenta camadas e se aprofunda no psicológico dos personagens sem perder o
ritmo frenético se fechando em si própria e criando um novo universo de
possibilidades e discussão tanto em sua trama quanto seu trabalho de arte.
Akira (1988) Trailer
Bela resenha mano.
ResponderExcluirMuito obrigado. Feliz que tenha curtido o texto.
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