A Perfect Circle - Mer de Noms (2000)


Texto por Felipe Leonel

“Mer de Noms” (francês para ‘Mar de Nomes’) é o primeiro álbum de estúdio da banda de rock americana A Perfect Circle, lançado pelo selo Virgin Records em 23 de maio de 2000, há 21 anos.

A banda foi originalmente concebida por Billy Howerdel, ex-técnico de guitarra de grupos como Nine Inch Nails, The Smashing Pumpkins, Fishbone e Tool. Howerdel conheceu o cantor Maynard James Keenan em 1992, quando o Tool abria os shows do Fishbone, se tornando amigos logo de cara. Três anos depois, Keenan ofereceu a Howerdel, que procurava por um apartamento, um quarto em sua casa em North Hollywood. Isso deu a Howerdel a oportunidade de tocar algumas de suas demos para Keenan. Ainda que originalmente o guitarrista procurasse por uma vocalista, concordou que Keenan seria ideal para o cargo, nascendo ali o A Perfect Circle. Paz Lenchantin no baixo e violino, Troy Van Leeuwen, na guitarrista (ex-Failure) e Tim Alexander na bateria (Primus) completaram a primeira formação da banda. 

Em agosto de 1999, o grupo fez seu primeiro show na recepção do Viper Club em Los Angeles, seguido por um show em maior escala, já em outubro, e mais amplamente divulgado no Coachella Festival. Após os shows iniciais e garantir um contrato com a Virgin Records, a banda entrou no estúdio para começar a trabalhar em seu primeiro álbum. Alexander logo foi substituído por Josh Freese, que já havia trabalhado com Howerdel no álbum “Chinese Democracy” (2013) do Guns N’ Roses.

Musicalmente, “Mer de Noms” apresenta um som próximo do rock progressivo, navegando entre rock alternativo e o hard rock, mais pesado e com muitas melodias mais lentas exibindo uma latência intensa em vez de velocidade.

A maioria das letras é dedicada a diversas pessoas do qual Keenan conheceu ao longo dos anos. A lista de faixas consiste em vários nomes como ‘Judith’, ‘Breña’, ‘Rose’, ‘Thomas’, ‘Magdalena’, ‘Orestes’ e ‘Renholdër’ em homenagem ao músico Danny Lohner, influenciando também o nome do álbum. Os símbolos na capa podem ser traduzidos como "La Cascade des Prénoms", que significa "a cachoeira dos primeiros nomes"

Três singles promocionais foram lançados para as faixas ‘Judith’, ‘3 Libras’ e ‘The Hollow’. Todos os três quais alcançaram o top 20 das paradas da Billboard US Modern Rock e Mainstream Rock. Já o álbum entrou na Billboard 200 em 4ª lugar, a maior posição de um álbum de estreia de uma banda de rock na parada permanecendo por lá por 51 semanas consecutivas. “Mer de Noms” bateu a marca de mais de 188 mil cópias vendidas em sua primeira semana e foi certificado com disco de platina pela RIAA no mesmo ano. Em 4 de outubro de 2003, o álbum alcançou a 27ª posição no Top Pop Catalog Albums também da Billboard.

Um mês antes do lançamento, a banda embarcou em uma turnê ao lado do Nine Inch Nails, que durou de abril até junho. Logo depois, a banda embarcou em uma turnê canadense, a Summersault Tour, com Foo Fighters, Smashing Pumpkins e Our Lady Peace seguida por uma turnê norte-americana como atração principal.

“Mer de Noms” foi bem recebido pela crítica e público em seu lançamento. Ned Raggett, do site Allmusic, elogiou a instrumentação e a composição do álbum, além da " combinação viciante da voz de Keenan e as canções e habilidades de produção realizadas de Howerdel (...)". Marc Weingarten elogiou o álbum por manter a influência artística do trabalho de Maynard com Tool sem soar tão sinistro e que combinou bem com os "estilhaços de guitarra fervendo com melodias genuinamente bonitas e floreios de produção" de Howerdel. 

Segundo o crítico Melody Maker, "Isto é Killing Joke e Jane's Addiction, isto é Soundgarden e Alice In Chains, a voz maravilhosamente íntima de Keenan é empurrada para a frente e são as dobras sugáveis de sua garganta que atraem você mais fundo". Pat Blashill, da revista Rolling Stone, declarou "A Perfect Circle soa como um sonho desesperado do que o rock costumava ser“. Stuart Green, da revista Exclaim!, descreveu o álbum como "um disco de rock bastante direto, pelo menos para os padrões do Tool", acrescentando ainda "E com a adição de violino, cortesia do baixista Paz Lenchantin, flauta e outras sacadas de rock progressivo, o disco ganha muito borda mais dinâmica, mantendo seu peso de quebrar a bola”

Em 2005, “Mer de Noms” foi classificado na 443ª posição no livro “500 Melhores Álbuns de Rock e Metal de Todos os Tempos” da revista Rock Hard. O álbum também foi incluído no 15º lugar na lista de "Melhores Álbuns de Hard Rock de Estreia" do site Loudwire. Em 2016, “Mer de Noms” foi incluído na sua lista "10 Álbuns de Metal Alternativo Essenciais" e em 2019, como um dos “20 Melhores Álbuns de Metal de 2000”, ambas as listas da revista Metal Hammer.

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