Death - ...For the Whole World to See (2009)


Texto por Felipe Leonel

“...For the Whole World to See” é o primeiro álbum de estúdio da banda estadunidense de proto-punk/garage rock Death, lançado pelo selo Drag City em 17 de fevereiro de 2009, há 12 anos.  

“...For the Whole World to See” foi composto e gravado originalmente em meados dos anos 1970 em uma séries de várias demos. O álbum foi produzido pela própria banda. 

Nascida na cidade de Detroit, Michigan, em 1971, o Death foi formado por três irmãos, Bobby (baixo, voz), David (guitarra) e Dannis Hackney (bateria). O trio começou como uma banda de funk, mas mudou para o rock após assistir a um show da banda britânica de rock The Who, além da inspiração pelo vocalista estadunidense Alice Cooper. 

Em 1975, o grupo entrou em um estúdio para gravar um álbum com doze faixas, já com uma proposta de contrato em vista, mas após a pressão do produtor musical Clive Davis, dono da Columbia Records, para mudar o nome da banda e pela recusa dos membros em aceitar as exigências, o Death acabou sendo rejeitado pela gravadora e encerrando suas atividades em 1977.

Apenas sete, das doze músicas, foram concluídas e o álbum não chegou a ser lançado. As canções só viram a luz do dia apenas 34 anos depois, quando foram lançadas como “...For the Whole World to See” em 2009 pelo selo independente Drag City, oito anos depois da morte do guitarrista e principal compositor, David, em 2000. 

Devido ao longo hiato entre as gravações e o lançamento do álbum, a banda acabou caindo em esquecimento afetando a promoção de “...For the Whole World to See”. Para ajudar a divulgar o disco recém lançado, a banda Rough Francis (nome artístico de David em uma demo nunca lançada gravada pelo guitarrista) formada pelos três filhos do baixista Bobby, decidiram tocar as músicas do disco ao vivo destacando o nome Death e seus compositores. 

Com a redescoberta, “...For the Whole World to See” recebeu a aclamação e os elogios devidos, tanto da crítica especializada quanto do público. Os dois membros/irmãos remanescentes reformaram o Death com um novo guitarrista, Bobbie Duncan, e entram em uma turnê de divulgação pelos EUA para promover o álbum eles próprios.

Atualmente, o Death é visto por muitos críticos e fãs como uma das primeiras bandas punk do mundo, criando, no processo, um estilo único chamado de proto-punk. 

As respostas críticas iniciais a “...For the Whole World to See” foram estrondosamente positivas.  Para o crítico Thom Jurek, do site AllMusic, “A música em For the Whole World to See não é uma coleção de singles bregas compilados em um álbum na tentativa de fazer um dinheiro rápido. Em uma era em que álbuns "perdidos" e "clássicos" parecem vir de todas as gravadoras do planeta, os magros 26 minutos de som gravado pelo Death se tornaram um capítulo apropriado na história secreta do rock. Sim, é verdade que os colecionadores malucos estão pagando uma fortuna pelos singles originais, mas é a música que importa. Este álbum incrível é mais uma evidência da história secreta da música de Detroit. Fãs de Bad Brains, Hendrix, Iggy and the Stooges, tomem nota, a palavra "clássico" neste sentido não é apenas precisa, mas também perfeita. 

Já o crítico Adam Moerder, do site Pitchfork, O” álbum vai além de apenas uma descoberta de um diamante em bruto, mas considerando que essas sete canções, o Death tem a capacidade de se sentar ao lado de bandas como Blue Oyster Cult ou New York Dolls. Este é o tipo de música que reaquece os corações dos fãs de rock das antigas. Armado com uma musicalidade profunda e a história de origem genuína que tantos kits de imprensa de bandas menos interessantes buscam, Death aparece como uma banda extremamente agradável”.

O crítico Peter Margasak escreveu que “David empurrou o grupo em uma direção de hard rock que precedia o punk, e embora isso certamente não os ajudasse a encontrar seguidores em meados dos anos 70, hoje os faz ser visionários".

O guitarrista/vocalista Jack White, da banda estadunidense The White Stripes, relatou sua primeira reação ao ouvir o álbum em um artigo para o jornal The New York Times "Não pude acreditar no que estava ouvindo. Quando me contaram a história da banda e em que ano eles gravaram essa música, simplesmente não fazia sentido. À frente do punk e à frente de seu tempo”.

As cançôes ‘You're a Prisoner’ e ‘Keep on Knocking’ fazem parte das trilhas sonoras de “Kill the Irishman”, longa de 2011 estrelado por Brad Pitt e do videogame "Tony Hawk's Pro Skater 5”, respectivamente. ‘Freakin Out’ é tocada na sequência de ação principal do sexto episódio da série de TV “Ash vs. Evil Dead", do canal Starz. Já a faixa ‘Politicians in My Eyes’ foi regravada como cover pela banda Black Pumas em seu álbum homônimo de estreia lançado em 2019.


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