Probot (2004)
Após anos de popularidade na cena do rock alternativo, Dave
Grohl queria expressar a paixão que carregava desde a juventude pelo heavy
metal. O catalisador da experiência aconteceu durante a turnê de divulgação do
álbum “There Is Nothing Left to Lose” (1999) do Foo Fighters, enquanto se
indagava se conseguiria fazer as músicas de sua banda soarem mais pesadas aos
moldes das bandas que costumava escutar.
Após a turnê, retornando para sua casa em seu estúdio
caseiro, Studio 606, Grohl se sentiu inspirado a gravar canções mais pesadas
iniciando uma onda de composição ao lado do produtor Adam Kasper, gravando
diversos arranjos de bateria seguidos de baixo e guitarra.
A gravação das versões instrumentais, ainda cruas, levou
cerca de 45 minutos cada para serem concluídas e foram gravadas ao longo de
quatro dias. As sessões rederam sete faixas. As cópias feitas em fita master
foram rotuladas como ‘Probot’ para distingui-las do trabalho do Foo Fighters.
Algum tempo depois, inspirado pelo álbum “Supernatural”
(1999) do guitarrista Santana, Grohl decidiu tentar colaborar com os cantores
que ele idolatrava. Ghrol criou uma lista de vários artistas dos quais era fã,
passando pelos anos de 1982 à 1989, entre eles Cronos, baixista e vocalista da
banda Venom. O músico começou a contatar os músicos por e-mail recebendo
respostas positivas a seu convite. Segundo Cronos, após abrir o e-mail de Grohl
percebeu que aquilo era "uma carta de um fã de verdade" dizendo estar
"aberto para tudo. E Dave é legal".
Vendo a resposta positiva dos convidados, Grohl trouxe de
volta Kasper recrutando também o guitarrista Matt Sweeney para fazer mais cinco
faixas instrumentais e completar o projeto. Posteriormente, as fitas demo foram
enviadas para os músicos, cada um dos quais foi solicitado a criar uma letra,
gravá-la e, em seguida, intitular a música. Cronos detalhou que escreveu três
versões diferentes para que Grohl pudesse escolher uma. Semelhante ao método de
gravação do Foo Fighters em seu primeiro álbum, Grohl compôs todas as músicas,
gravando a maior parte do instrumental.
Cada faixa do projeto apresenta um vocalista diferente,
Lemmy Killmister (Motorhead), Max Cavalera (Soulfly), King Diamond, Tom G.
Warrior (Celtic Frost), Mike Dean (Corrosion of Conformity), Kurt Brecht (Dirty
Rotten Imbeciles), Lee Dorrian (Cathedral e Napalm Death), Kim Thayil
(Soundgarden), Wino (Saint Vitus e The Obsessed), Snake (Voivod), Eric Wagner
(Trouble) e Jack Black (Tenacious D). O projeto foi descrito por Grohl como
"um death metal sobrenatural" e também "como uma fita de
compilação que eu teria feito quando criança”.
Durante o processo todo, apenas Lemmy e Wino visitaram o
Studio 606 para gravar suas partes, com Lemmy fornecendo não somente as letras
e vocais mas também gravando o baixo para a canção ‘Shake Your Blood’. Assim
como Leemy, Kim Thayil chegou a tocar algumas partes adicionais de guitarra em
duas faixas, ‘Ice Cold Man’ e ‘Sweet Dreams’. Todos os outros músicos enviaram
suas fitas com suas partes já definidas e gravadas.
Uma faixa bônus intitulada ‘I Am The Warlock’, foi fornecida
pelo comediante/ator/músico Jack Black. De acordo com Black, a música era
originalmente uma homenagem ao herói de quadrinhos Homem de Ferro, mas acabou
mudando o tema depois que sua esposa, Tanya Haden, sugeriu "que a letra
deveria ser sobre um relacionamento ruim”, o que influenciou Black a falar
sobre um feiticeiro maníaco e odioso.
Grohl chegou a convidar a lenda do death metal Chuck
Schuldiner, guitarrista e vocalista, do Death, no entanto, Schuldiner estava
lutando contra o câncer no cérebro e não pôde se envolver. Grohl também tentou
incluir no projeto Tom Araya (Slayer), Kurt Brecht (D.R.I.), Jeff Becerra
(Possessed), Chuck Billy (Testament), Phil Anselmo (Pantera), Mile Petrosa (Kreator),
Schmier (Destruction) e Katon W. De Pena (Hirax), mas sem sucesso, na maioria
devido a conflitos de agenda.
A capa do álbum foi criada pelo músico Michel ‘Away‘
Langevin, baterista e fundador da banda canadense de metal Voivod. As canções
‘Centuries of Sin’ e ‘The Emerald Law’ foram lançadas em um único single
intitulado apenas com o nome das duas músicas.
Em novembro de 2003, foi filmado, durante apenas um dia, o
videoclipe da faixa ‘Shake Your Blood’, lançado pouco depois em canais
televisivos de música de todo o mundo. O clipe conta com a participação de 66
modelos do site de entretenimento adulto SuicideGirls. No vídeo, a banda é
representada por Dave Grohl na bateria, Lemmy nos vocais e baixo e Wino na
guitarra.
Em 2006, o Foo Fighters apresentou ‘Shake Your Blood’ ao
vivo ao lado de Lemmy em um show no Hyde Park, Reino Unido, e novamente em 2011
em Berlim. Em 2004, a canção ‘My Tortured Soul’ também chegou a ser tocada ao
vivo no palco do programa de TV Headbangers Ball, do canal MTV, com Eric Wagner
nos vocais, Grohl na bateria, Wino e Greg Anderson [do Goatsnake e Sunn O)))],
nas guitarras e Nick Raskulinecz, produtor do Foo Fighters, no baixo.
Dave Ghrol, Lemmy Killmister e Wino Weinrich |
“Probot” foi bem recebido pela crítica e público em seu lançamento. Segundo David Browne, da revista Entertainment Weekly, "Para uma brincadeira, ele visa (e atinge) alguns alvos, incluindo a chicotada 'The Emerald Law' e a marcha da morte pós-apocalíptica 'Ice Cold Man'". No entanto, Browne destaca algumas falhas no disco com muitas da letras do Probot soando "mais divertidas do que ameaçadoras" e até "involuntariamente engraçadas".
Ainda durante sua semana de lançamento, “Probot” recebeu o
título de “Álbum da Semana”, do site StylusMagazine.com. Para o crítico Scott
McKeating, "Probot equilibra o grão com o polimento sônico sem cair no
mais do mesmo do que o próprio Metallica tem feito. Este é um metal que exibe
batidas, sacudidas e batidas", ele elogia também a ambição de sua
concepção, observando que "Muito poucos [artistas] vão tão longe quanto Grohl
e realmente criam algo vital e novo em seus trinta e poucos anos a partir de
suas obsessões adolescentes. ‘Probot’ é um álbum inspirador em todos os
sentidos”.
Adrien Begrand, da revista PopMatters, descreve o disco como
"Uma das ideias mais legais para um álbum em muito tempo, Grohl montou um
álbum que não só serve como um tributo sincero às bandas de metal e hardcore de
sua juventude, mas apresenta todas as suas bandas favoritas e vocalistas
também". Já Alex Henderson, do site Allmusic, enfatiza a ampla variedade
de gêneros apresentados em “Probot”, "Qualquer que seja o estilo de metal
que ele está adotando, a bateria de Grohl é apaixonante ao longo deste belo
álbum, que é tão gratificante quanto imprevisível".
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