O Vôo do Navegador (1986)
Como uma criança brasileira dos anos 90, que consumia cinema dos anos 80 em forma de reprises na televisão, uma das coisas que mais me encantava eram as obras que falavam sobre alienígenas, espaço sideral, espaçonaves e tudo relacionado a sci-fi com roupagem infantil, colorida e cheia de piadas bobas.
Uma das obras que mais me cativava e também, por muitas vezes, me fazia vislumbrar um mundo incrível (o suficiente a ponto de matar aula só pra assistir) era o filme "O Vôo do Navegador", de 1986 ("Flight of the Navigator") - tá bom, “Viagem ao Mundo dos Sonhos” (“Explorers”) de 1985 também era um dos meus favoritos, mas essa história fica pra outro dia.
Imagina isso, um garoto de 12 anos que, após acidentalmente cair em um barranco durante uma caminhada pela floresta, enquanto procurava por seu irmão mais novo, fica inconsciente e acaba descobrindo ao acordar que, na verdade, oito anos se passaram e, enquanto estava desacordado, o mundo todo ao seu redor agora está completamente diferente.
Mais ainda, imagina que esse garoto viajou no tempo, para o futuro, por causa de uma inteligência artificial alienígena, uma nave de tirar o fôlego, e que estava apenas tentando protegê-lo. Essa é a história de David Freeman (Joey Cramer), um garoto normal, que vive uma vida normal e que acaba entrando em uma aventura incrível e uma jornada perigosa para a retornar ao seu próprio tempo.
Ainda que mostre uma trama dramática e bastante emocional em seu primeiro ato, parte da jornada de David é apresentada como certo suspense no desenvolvimento da trama, quando o personagem passa a viver em uma instalação da NASA enquanto médicos e cientistas tentam descobrir o que houve com ele e qual a relação do garoto com a misteriosa nave escondida em suas instalações.
Além disso, dentro da nave, o garoto consegue criar uma amizade tão forte quanto com suas criaturas habitantes daquele lugar, especialmente com a própria nave, carinhosamente chamada de Max. Dentre as principais influências na concepção do longa, o roteiro do longa acaba soando bastante como "ET - O extraterrestre" e em diversos momentos, mas ainda assim, é capaz de ser admirável em sua própria medida, se sobressaindo tanto em seus aspectos técnicos quanto dramáticos.
O filme também explora outras questões pessoais, como identidade e pertencimento, especialmente no que diz respeito ao personagem principal, deslocado de seu próprio tempo depois de anos desaparecido.
Além de um jovem Joey Cramer como David Freeman, o filme também conta com uma Sarah Jessica Parker ainda na adolescência interpretando a cientista Carolyn McAdams e o ator e comediante Paul Reubens (intérprete do personagem Pee Wee Herman) emprestando sua voz para o divertido Max.
Em sua estreia, o longa recebeu críticas positivas, com elogios direcionados especialmente aos efeitos visuais, mas também por sua trama envolvente e bastante direta. Ainda assim, apesar de bem recebido pela crítica, o filme não foi um grande sucesso de bilheteria na época de seu lançamento ganhando apenas alguns anos depois seu status de cult.
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