Metalhead (Málmhaus - 2013)

Casa das Máquinas
Por Felipe Leonel

Antes de mais nada, é interessante entender que, muito além do gênero heavy metal em si apresentado por todo o longa, “Metalhead” (Málmhaus), de 2013, é um drama familiar que abrange a dor da perda e também superação. Ou seja, não importa muito qual seu gosto musical, esse é um filme capaz de alcançar todo tipo de público.

Claro, no tocar dos sinos, esse filme é sim direcionado para quem já conhece e gosta do estilo musical, ao mesmo tempo que sua abordagem realista e emocionalmente intensa na hora de contar sua história contribuiu muito para dar a autenticidade e profundidade emocional necessária que um drama precisa. 

A ideia de explorar temas como luto, identidade e alienação em uma trama que mistura um estilo musical tão particular quanto o heavy metal (e suas ramificações) pode até parecer estranha, já que é comum encontrar longas em que o humor é a base da história, mas que aqui funciona muito bem devido sua proposta dramática que soa, e consegue, ser bastante real. 


"Metalhead” conta a história de uma jovem chamada Hera, que vive em uma fazenda familiar isolada em uma Islândia rural. Sua vida muda drasticamente após a morte de seu irmão mais velho, Björn, durante um acidente de trabalho com o trator. A partir desse ponto, como escape emocional, ela começa a se refugiar no mundo do heavy metal, adotando a cultura e a música como uma forma de lidar com sua dor e isolamento. 

Em seu luto, Hera acaba se tornando uma pessoa mentalmente instável e que não consegue estabelecer vínculos sociais fortes, além de conflitar constantemente com seus pais. Em contraste a tudo isso, também precisa lidar com uma sociedade conservadora que a enxerga como uma pária, como uma rejeitada. 

Cineasta islandês bastante proeminente no cenário do país, e com outras produções posteriores ao longa, Ragnar Bragason consegue criar uma narrativa emocionalmente poderosa e que foi capaz de gerar discussões sobre temas psicológicos mais profundos, assim como tocar os espectadores em um nível pessoal, levando a debates significativos sobre esses temas e também sobre música. 

Gravado totalmente na Islândia, o filme aproveita a paisagem naturalmente isolada e dramática do país para criar a atmosfera desoladora e solitária que permeia a narrativa. Durante as filmagens, a produção enfrentou alguns desafios logísticos devido às locações remotas e as condições climáticas islandesas que acabaram contribuindo para dar ainda mais autenticidade a trama.

Entre os destaques do longa está o seu elenco multifacetado, composto por uma mistura de talentos já estabelecidos do país junto a novos atores da indústria cinematográfica islandesa. Entre esses destaques está Thora Bjorg Helga que consegue oferecer por completo a carga dramática que a personagem principal exige. 

Além Thora, entre os veteranos estão Ingvar Eggert Sigurðsson (com trabalhos conceituados no teatro e também em hollywood) e Halldóra Geirharðsdóttir, pai e mãe de Hera, respectivamente. E junto a eles, Sveinn Ólafur Gunnarsson como Janus, o novo padre recém chegado na cidade, um personagem super importante para o desenvolvimento da protagonista.


A trilha sonora de "Metalhead" apresenta composições clássicas do rock e heavy metal (lançadas entre 1970 e 1992), com bandas como Black Sabbath, Judas Priest, Metallica e Dio aparecendo por todo o longa. Cada uma das músicas é usada ao longo do filme como forma de refletir o estado emocional da protagonista e complementar a atmosfera sombria e intensa da narrativa. Tudo isso se destaca ainda mais com a trilha sonora original composta especificamente para o filme fugindo do metal tradicional e indo de cabeça no black metal.  

Em seu lançamento, "Metalhead" recebeu ótimos elogios tanto da crítica especializada quanto dos fãs de metal por sua abordagem autêntica e emocionalmente envolvente, assim como por sua trilha sonora poderosa. Entre os pontos mais fortes, a direção de Ragnar e a atuação de Thora foram frequentemente destacadas. 

Também teve grande reconhecimento internacional após sua exibição em vários festivais de cinema pelo mundo, incluindo o Festival Internacional de Cinema de Toronto e o Festival de Cinema de Veneza. Sua presença nesses festivais ajudou a aumentar a visibilidade do longa atraindo também atenção ao cinema islandês.


De forma geral, "Metalhead" teve um impacto cultural significativo, e não somente para o cinema islandês, já que abriu e expandiu suas fronteiras internacionalmente, mas também destacando de forma positiva a cultura do heavy metal e capturando a essência da cena headbanger junto a sua importância para os personagens.


METALHEAD Trailer | Festival 2013

The original soundtrack from the Icelandic film Metalhead by Pétur Ben

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