Mississippi Bones Discografia
SESSÃO M |
Por Felipe Leonel
Bandas novas sempre surgem por ai aos montes e poucas com talento de verdade, pelo menos na minha opinião. No cenário nacional, o rock_metal tem parido constantemente uma leva de ótimas bandas trazendo uma boa perspectiva de um futuro promissor para quem gosta de música pesada. Nervosa, Carro Bomba, Madame Saatan e Muñoz são alguns ótimos exemplos.
Lá fora o cenário não muda muito, uma enxurrada de bandas e artistas todos os anos, uns completamente esquecíveis, outros absurdamente memoráveis e alguns que ainda precisam de mais visibilidade. Ao meu gosto pessoal, e como tenho escutado já à algum tempo stoner rock, procuro todo tipo de material dessa cena, procura essa que me trouxe muitas alegrias. Purple Suns, Dune, Valley of the Sun, Planetoid, Red Desert, dentre tantas outras (fica difícil citar todas, tem um pancada delas) são das que mais escuto. Ainda assim, são três delas que me chamam total atenção e predileção.
Por agora apresentarei apenas uma, deixo as outras para outro post.
A primeira delas e a última que conheci, e também a que mais tem incendiado meu player nos últimos dois anos, Mississippi Bones. Formada em 2010 no Condado de Hardin, Ohio, nasceu de um projeto entre dois caras que só queriam tocar música boa e que logo se tornou uma banda de seis integrantes, como eles mesmos dizem, cinco caras e uma jovem.
As influências nas letras são diversas, literatura, filmes B, ficção-científica, quadrinhos, séries de TV, cerveja, tudo planejado em detalhes e executadas com perfeição em melodias que beiram a genialidade, com riffs grudentos as vezes, perfeito. Nada falta, nada sobra e nenhum dos discos fica fora da lista de reprodução por um período muito longo, na minha pelo menos não. Entre 2010 e 2016 foram lançados quatro álbuns e um EP, cada um com uma cara, cada um melhor que o outro, e a evolução entre eles é gradual e perceptível. Em 2015 e 2016 foram lançados dois álbuns, um para cada ano e mais uma promessa para 2017. Três discos, três anos de lançamentos seguidos, material para nenhum fã reclamar.
"Eles gostam de rir. Eles gostam de fazer música. Eles gostam de assistir filmes de terror na porta da garagem para se influenciarem enquanto comem sanduíches de carne de porco. As pessoas os conhecem como Mississippi Bones. Você pode se tornar uma dessas pessoas. Tenho certeza que eles apreciariam"
Mississippi Bones, seu autointitulado primeiro disco, saiu em 2010 e já mostra muito do que a banda tem para oferecer. O disco segue com uma estrutura bem tradicional de hard rock sem tentar soar além de suas capacidades. Mostra também todo o trabalho de composição das letras e as ideias usadas, coisa que continua até os discos mais recentes. Abrindo com "Sasquatch Paparazzi" e seguindo com "Makin' Deals With The Robot Devil" já da para ter uma noção maior do que vem pela frente, peso e melodias combinadas, duas músicas com certo sarcasmo. "The Leopard, The Lion & The She-Wolf" e "Full Moon Risin" são minhas duas favoritas do disco, riffs "grudentos" e duas das melhores letras, principalmente quando uma delas tem como tema "Um Lobisomem Americano em Londres". "The Silverforked Tongue of Mr. Toad", "Band-1", "The Venkman", "Do Androids Dream of Electric Sheep?" (referência máxima a um dos melhores livros de ficção cientifica da história) fecham o álbum. Ainda que não revolucione no gênero, traz representatividade para o cenário.
Lançado em 2012, Tracks expande mais ainda a proposta inicial. Ainda como dueto, o disco não perde para seu antecessor, abrange muito mais das influências da dupla e eleva nas temáticas. Mais pesado, e talvez impulsivo, se sobressai na polidez de cada riff e cai de cabeça no gênero sem medo. "American Surreal", "Over The Counter Culture (Thank You Very Much, Mr. Moore)", "The Conspiracy Theorist", "Johnny Switchblade", "Jacurutu" (sim, o nome é esquisito, mas é apenas uma espécie de coruja), "Swamp Lady", "Dungeon Hustle", "The Goblin Song" seguem a lista. Novamente duas favoritas, "Jade Fire", descaradamente uma referência ao longa "Aventureiros do Bairro Proibido" e "Crushed By The Weight of the Monolith", praticamente uma crítica sobre a evolução humana.
Com lançamento duplo em 2015, já com uma formação completa, Songs For The Rejects, Slackers & Rabble-Rousers (não se assuste com o nome) e o EP The Rejects Strike Back tiveram apenas poucos meses de diferença entre um e outro. O primeiro, um disco completo, grita em sua qualidade, desde a capa, com Doctor Who e Star Wars ilustrados descaradamente nela, até a "Apoceclectic Visions", fechando o disco, deixa vazão para suas influências. Aqui, filmes B e séries sci-fi são jogadas ao ouvinte totalmente sem medo. As temáticas vão de um louvor ateu até a libertação das máquinas, passa por uma viagem interestelar dentro da Enterprise e se entrega a uma ordem esotérica lovecraftiana. Ainda que não seja um disco por inteiro, o EP traz um certo complemento inesperado e fecha bem os dois lançamentos. Sem nenhum contra ponto, considero esse disco por inteiro excelente, sem nenhuma favorita, o EP incluso. (Sem a lista com os nomes das músicas dessa, vou deixar para descobrirem por conta).
Seguindo os mesmos caminhos de seu antecessor, 2600 AD And Other Astonishing Tale se estrutura de maneira muito semelhante. Com ótimos riffs, letras excepcionais e títulos esquisitos, o álbum de 2016 tem como ponto alto suas melodias. Com vocais mais arrastados e graves, "Bakshi to The Future" abre o disco, faz referência ao filme "De volta par ao Futuro" e Ralph Bakshi, animador norte americano criador de Supermouse e conhecido pela longa animado “Fritz the Cat”, baseado no personagem de Robert Crumb, "Butcher Of The 9 Lunar Mansions" e "2600 AD - Jared Vs The Space Invaders" dão o tom sci-fi do álbum. Seguindo a lista, "Outhouse Poet (Or Shitty Lyricist)", "Sleep Atlas At Last", "The Eulogy of Captain Sam Quint", "Cult of the Behemoth", "Greener Pastures (I Hear Chernobyl Is Nice This Time of Year)", "Metaphor Is Just A Word" e "The Fly In Your Ointment". Fechando o disco, "Thank You For Listening" mostra de forma mais pessoal a relação da banda com os fãs, exaltando a importância dos mesmo para o trabalho feito até o momento. Um pouco mais sombrio e pesado que o restante de seus trabalhos o disco não intimida e mantem nível, deixando ainda mais a vontade pelo próximo lançamento.
Discografia:
(2010) Mississippi Bones
(2012) Tracks
(2015) Songs For The Rejects, Slackers & Rabble-Rousers
(2015) The Rejects Strike Back (EP)
(2016) 2600 AD And Other Astonishing Tale
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