David Schulner's CLONE

Fora da Caixa: Para quem procura por coisas diferentes ao seu redor
Por Felipe Leonel 

Colocando em patamar as histórias em quadrinhos mais atuais, 2000 pra frente, se destacam meia dúzia de novidades com material original. Em sentido mais amplo, a Image Comics tem colocado no mercado boa parte desses quadrinhos, como "The Walking Dead" (Robert Kirkman, lançada em 2003), "Saga" (Brian K. Vaughan), "Satellite Sam" (Matt Fraction), "Black Science" (Rick Remender) e "Clone" (lançada pelo selo de Robert Kirkman “Skybound”), criado pelo produtor e roteirista de hollywood David Schulner. Com seu trabalho majoritário na televisão, em séries como The Event, Desperate Housewives, Kings e Everwood, Schulner fez sua estreia nos quadrinhos com a obra "Clone", sua primeira e única produção na área até o momento. 


A HQ conta a história de Luke Taylor, marido e futuro pai, que se depara certo dia com um homem idêntico a ele, ferido e ensanguentado em sua cozinha e com uma péssima notícia, Taylor é apenas um entre vários clones espalhados pelos EUA, colocando em risco sua vida e de sua esposa ainda grávida. A trama se desenrola quando o governo tenta destruir todos os clones e fechar o projeto original, criando assim uma força de resistência para proteger os clones ainda vivos, enquanto a esposa de Luke é sequestrada na tentativa de descobrir o segredo por trás do sucesso da clonagem humana. 

“Clone” toma forma de um thriller clássico de ficção científica e conspiração, com uma reviravolta mirabolante e rocambôlesca inspirados na série “24 Horas” e no longa “Três Dias de Condor”, onde uma única pessoa se encontra em meio a algo muito maior e perigoso do que ele/ela mesmo/a pode imaginar.

A trama coloca em voga o tema “o que aconteceria se?” em destaque e desenrola sua narrativa na ideia da auto descoberta, de uma forma bem pessoal ao mesmo tempo em que são mostradas perspectivas distintas de seres geneticamente idênticos, mas de personalidades completamente diferentes. Seus melhores momentos são as discussões entre cada clone e as decisões conflitantes de sobrevivência. De certa forma, ainda que com personalidades distintas, acabam se descobrindo quase como irmãos, colocados em um mesmo ambiente e obrigados a conviver juntos.   
Nascida dos questionamentos do próprio autor ao descobrir que seria pai pela primeira vez e sobre as mudanças que tomaria em sua vida a partir daquele momento, “Clone” destaca diversas posições sociais como questões filosóficas, biológicas, evolutivas, relações interpessoais, políticas e religiosas, abordadas sem medo deixando a sutileza de lado. Tudo é mostrado de pontos de vista diversos, sem complicação e de maneira muito direta. 

Ainda que tenha uma boa história e personagens carismáticos, “Clone” não inova tanto e recicla várias ideias já utilizadas no cinema, mas destaca de maneira interessante e de forma mais elaborada aspectos já conhecidos do público alvo, amarrando eventos e situando as personagens em suas próprias narrativas. 

Da esquerda para a direira: David Schulner (roteirista),
Juan Jose Ryp (artista) e Felix Serrano (colorista)

Lançada em 2012, de continuidade não periódica, a série teve um total de 20 edições até 2014 e é dividida em dois arcos, da primeira edição encerrando na décima primeira, e abrindo o segundo arco na décima segunda e sem um fim aparentemente próximo. A série conta com o traço de Juan Jose Ryp, ilustrador de “Frank Miller's RoboCop” e “Punisher MAX: Happy Endings”. As cores ficam a cargo de Felix Serrano, com passagem pelas editoras Marvel Comics, DC Comics e Top Cow Productions.

Uma adaptação para a TV está sendo cogitada, ainda sem data ou previsão de filmagem. Mas considerando o material original, e caso siga um mínimo da história dos quadrinhos, pode render algo interessante.

Quer ler todas as vinte edições? Acesse o link e baixe no formato CBR em inglês.

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