Alien - O 8º Passageiro (1979)
Cova Rasa: Desenterrando filmes antigos por diversão |
Por Felipe Leonel
Ridley Scott ganhou notoriedade por suas produções para a televisão durante a década de 60 e levou para a grande tela toneladas de estilos e gêneros diferentes, passando pelo terror e caminhando com cuidado pela ficção científica e remontou com ideias diferentes adaptações históricas. Fez também gêneros políciais/gansteres, documentários, longas de guerra, dramas e diversos outros estilos em trabalhos memoráveis. Foi com seu primeiro longa, “The Duellists”, de 1977, que Scott garantiu sua entrada nas grandes produções, o levando direto ao psicológico e aterrador “Alien - O 8º Passageiro”.
“No espaço, ninguém pode ouvir você gritando”. A frase apresenta o tom do filme já nos posters promocionais e trailer e remonta um cenário que logo seria esquecido nos filmes de terror/horror nos anos 80 em diante, o clima denso e a tensão antes do climax. O clima lento e silencioso no início do filme localiza na trama, sombria e clautrofóbica, o grande mistério recorrente em torno de uma estranha criatura xenomórfica.
Yaphet Kotto, Sigourney Weaver, Harry Dean Stanton e Ian Holm
Depois de um trabalho de meses exaustivos, a nave cargueira Nostromo, recebe uma peculiar missão, ir até um planeta desconhecido e procurar por sinal de vida. Relutantes, os tripulantes Tenente Ripley (Sigourney Weaver), Dallas (capitão), Ash (oficial cientista/médico), Lambert (navegadora), Kane (chefe executivo), Brett e Parker (engenheiros), acabam aceitando a missão depois de uma promessa de um valor alto no pagamento final de sua companhia, Weyland-Yutani. É nesse planeta desolado e hostil que se deparam com uma grande, e muito antiga nave, nada nunca visto até então. Dentro dela, vestigios de uma raça desconhecida, os restos daqueles que ali estiveram são apenas foçeis e maquinário envelhecido.
Misteriosa nave e seu perigo eminente |
Um gigante em uma cadeira de comando (curiosamente chamado de Space Jockey pela produção do filme), morto a muito tempo, com um buraco no peito, “O que o matou, veio de dentro para fora de seu peito” recita um dos personagens. Dentro daquele vasto e sombrio cenário é que somos apresentados aos casulos alienigenas, ainda tão estranhos e curiosos atualmente. Curioso e sozinho, Kane, personagem de John Hurt, acaba se deparando com uma criatura nada convencional, fixando-se a seu percoço e rosto. Após seu resgate, Kane fica em coma durante alguns dias, forçando a tripulação a procurar um meio de reverter o ocorrido.
Ainda nesse ponto do filme, pouca coisa acontece de fato, ainda que a tensão tome conta. Depois de quase nenhuma resposta e ações desesperadas, como a tentativa de retirada do alienígena do rosto do personagem, gerando uma avaria na nave, Kane acorda e sem entender a situação acabam indo jantar, quase despreocupados. A partir desse ponto, a trama começa a decolar de fato. Durante o desjejum, Kane é subtamente morto por algo saindo de seu peito e fugindo logo em seguida. Inicia-se ai, uma caçada frenética por algo completamente desconhecido. Os planos de captura seguem e a cada momento alguém é morto no processo. No decorrer do longa a criatura evolui e cresce, aterrorizando cada vez mais os sobreviventes.
O gigante - Space Jockey - fossilizado e a estranha abertura em seu peito |
Desde o ínico do filme, fica difícil descobrir de fato quem é o personagem principal. Ainda que John Hurt seja o foco da trama desde o começo, sua passagem é rápida e absolutamente importante. Cada personagem tem seu próprio arco e pra cada arco um encerramento. E é exatamente com esses “encerramentos” de cada um que nos é revelando a verdadeira protagonista, Riplay. Em dado ponto, Ash, o médico da tripulação, se revela um agente da Weyland-Yutani, desesperado em capturar a criatura viva e acaba atacando Riplay, criando uma nova reviravolta na trama.
O final segue quase desesperador. Claustrofóbico e instigante, se joga de cabeça no desconhecido e deixa de lado as explicações detalhistas, abrangendo a ação sem deixar o interesse de lado. No Brasil, o longa recebeu o sutítulo “O 8º Passageiro”, referindo-se com perfeição a criatura xenomórfica que habita os cantos mais escuros e sombrios da nave Nostromo.
Alien, salienta de várias formas, diversos significados e temas recorrentes, como o interesse humano pela produção de armas biológicas através da criatura, o uso do fogo como forma de ferir o monstro ao mesmo tempo que ilumina e destaca o cenário de escuridão ao redor e o interesse pelo desconhecido em um embate pelo conhecimento. Abrange também, sem nenhum medo, as formas físicas e sexualizadas, expondo de maneira aterradora orgão reprodutores humanos, aqui, claro, visualmente estilizados.
Alien - O 8º Passageiro tem como inspiração o longa “A Ameaça do Outro Mundo”, de 1958, remontando de forma mais detalhada e visualmente inovadora alguns dos principais elementos na trama do filme. Ganhou também um livro, escrito por Alan Dean Foster, lançado na década de 80, contando a mesma história, mas exprimindo de forma alternada e quase paupável o visual criado para o filme.
Poster original de "It" de 1958 e capa da edição brasileira do livro adaptação
A habilidade do longa de manter o interesse do início ao fim pode ser medida, além da direção e roteiro impecáveis, por sua estrutura visual. Todo o design das naves, cenários e do próprio alienigena, foram criadas pelo gênio H.R Giger, artista responsável por diversos trabalhos no cinema, aqui sua extréia oficial em longa-metragem. A fórmula funciona mais do que nunca, na ultilização de elementos reais e funcionais na produção. Cenários, armas, casulos, naves e até mesmo o próprio alienigena. Com elenco enxuto e muito competente, o longa demonstra em sua narrativa, muito mais que um simples filme de terror de época e entrega de forma categórica um thriller de horror que se mantém até hoje.
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