Aventureiros do Bairro Proibido 1986

Cova Rasa: Desenterrando filmes antigos por diversão

Por Felipe Leonel

Aventureiros do Bairro Proibido é um daqueles filmes incompreendidos e rechaçados pela crítica na época de seu lançamento. Dirigido por John Carpenter, “Aventureiros” teve a pior das críticas do diretor até então, falta de direção e excessos foram algumas das mais pesadas ofensas aderidas ao longa de ação. Comparado a uma cópia mal feita de Caçadores da Arca Perdida, parecia que os odiadores dessa obra simplesmente não haviam entendido a proposta.

Jack Burton, Gracie Law e Miao Yin, as garotas dos olhos de jade

A grande homenagem do longa recai sobre Tsui Hark, diretor vietnamita que na mesma época, saudosos anos 80, promovia sua pequena revolução no cinema oriental, se utilizando dos recursos do cinema hollywood para atualizar os clássicos do cinema popular chinês dos anos 50. Todas as referências estão presentes em “Aventureiros”, as gangues rivais de lutadores, os cenários bregas, os tons de verde e azul típicos do technicolor.


As três tempestades 

O grande apelo do longa é algo mais que uma simples aventura do cinema B, com atores pouco famosos, é uma história recheada de elementos de fantasia, personagens caricatos e cativantes e o confronto entre duas culturas de uma maneira cômica. As referências incluídas na trama são aparentes, a ameaça oriental caracterizada no grande vilão que deseja dominar o mundo, o cowboy solitário que não tem nada a ver com a história e acaba se tornando o protagonista, e claro, as duas donzelas indefesas que precisam ser resgatadas do perigo, uma delas nem tão donzela assim e outra nem tão indefesa.

Kurt Russel e seu impetuoso Jack Burton 

A história é algo simples, um caminhoneiro “all-american” que acaba ficando preso em um bairro chinês com centuriões místicos e muito antigos em uma batalha contra o grande mestre ancião que deseja uma jovem de olhos verdes para se tornar mortal novamente. Fácil de se compreender e com um clima que te prende até o final.


O elenco se completa, mais do que seus personagens, com os atores que os interpretam. Kurt Russel com seu Jack Burton sintetiza a canastrice em um herói pouco convencional e falastrão, um cowboy sem modos e metido a lutador de rua, Kim Catrall foi a escolha exata para a personagem de Gracie Law, uma jornalista intrometida e um tanto grosseira, muito bonita por sinal, que não deixa barato quando a situação aperta. James Hong fecha o trio principal como Lo Pan, com toda sua pomposidade extravagante em um vilão velho e decrépito, um imortal que já não tem mais sentimentos e deseja sua mortalidade novamente, atuação impecável e um visual digno de uma produção Carpenter.

James Hong interpreta o cartunesco vilão Lo Pan 

Ainda que tenha sido lançado em 1986, vinte e oito anos atrás, o longa não perde a sua atualidade, não só por sua história, mas também pela sua trilha sonora, fotografia, direção e visual que em seus melhore detalhes se difere da década em que foi produzido. Carpenter se utiliza de apenas três atores ocidentais e todo o resto do elenco oriental, o toque certo que cria o clima exótico da trama. Afirmativamente, esse filme envelheceu muito pouco com o passar dos anos.

Jack Burton ao lado de Egg Shen, interpretado por Victor Wong

Ainda que clássico, e como sempre clássicos não devem ser tocados, uma nova série em quadrinhos, lançada em 2014 pela Boom! Studios, conseguiu trazer de volta a mesma aura e atmosfera do filme. Interessante e bem contextualizado na trama do longa, vale a pena a leitura. 
Capas das edições 1 à 8 da série em quadrinhos

Aventureiros do Bairro Proibido (trailer original lançado em 1986)

Mississippi Bones - Jade Fire (álbum Tracks de 2012)

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